Segue post
interessantíssimo advindo de terras lusitanas por nosso amigo Lucas
Seixas Baio, correspondente(!) e Mestrando na UNIVEM, com co-orientação
na Universidade de Lisboa.
O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - NA DICCÇÃO DE SUA "GENITORA"
Teresa Arruda Alvim Wambier rebateu críticas e admitiu ter o novo CPC "caráter experimental". Em ciclo de conferências ministradas à todos os alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Teresa Arruda Alvim Wambier rebateu críticas e admitiu ter o novo CPC "caráter experimental".
*Lucas Seixas Baio
A
Professora Doutora Teresa Arruda Alvim Wambier, demonstrando tudo o que
se espera de uma processualista de elite, teceu considerações valiosas
sobre o novo Código de Processo Civil a entrar em vigor até o ano que
vem.
O
discurso foi equilibrado e informativo, iniciado pela ponderação de que
a denominação "Novo CPC" soa arrogante, na medida em que ele ainda não
foi aprovado; prefere a relatora a designação "Código Projetado".
Segundo
ela, o Código não teria nenhuma linha teórica diferente, preservando a
mesma formatação orientada a casos concretos de litígio entre pessoas
físicas e jurídicas, de direito público e privado. Acrescentou que,
embora certas críticas tenham sido feitas nesse sentido, uma mudança
radical destas (linha teórica) apenas dar-se -ia no bojo de movimentos
históricos e de amadurecimento social, o que não é da feição de
democracias jovens como a Brasil. Disse também, quanto às estatísticas
que nortearam o trabalho, que são balizantes auxiliares e jamais o
refrencial principal da Comissão.
Quanto a positivação de Princípios Jurídicos, opinou com bom humor: "Somos um País de Civil Law: a pergunta ´onde está isso escrito?´ é relevante."
Da polêmica
de maior gravidade de violação princípios ou regras, disse que a
violação de um princípio é mais prejudicial ao sistema jurídico como um
todo, tendo em vista sua abragência, mais ressaltou que a discussão tem
perdido importância prática.
A
Relatora lançou números tipicamente brasileiros, que assombraram os
juristas estrangeiros presentes: "O STJ, Tribunal que opera em nível de
lei federal, no Brasil, recebe 350 mil processos por ano".
Rebateu
a crítica de tendecia de massificação de decisões judiciais, do Novo
Código, com a expressão "massificação de questões massificáveis" e
condenou a dispersão da jurisprudência em nosso País: "o principal
problema são os Tribunais Superiores e a mudança brusca de seus
entendimentos, isso é contra a Constituição".
Com sagacidade técnica, disse não acreditar que o Brasil caminhava para o Common Law, já que não se pode imaginar a vinculação absoluta dos Tribunais à precedentes.
Os instrumentos de uniformização de jurisprudência e de incidente de demandas repetitivas preservam (apesar de um assumido défcitdemocrático) a ideia de sistema de direito.
Propõe-se somente tornar
escorreitas pequenas questões ou questões simples, sob cujas
entendimentos muito diversos prejudicam a coesão da estrurura do
direito. "Quem diz que o Brasil está caminhando para a Common Law, não
sabe como a Common Law funciona", argumentou com firmeza.
Explicou
alguns princípios que norteiam o novo CPC, num movimento de
constitucionalização do processo ou leitura constitucional de regras
processuais, destacou: razoável duração do processo, contraditório,
aproveitamento de atos, ampla defesa e eficiência, consubstanciada na
estabilização de tutela.
Outra
realidade processual que, segundo Teresa Wambier, contribui para a
democracia, é a obrigatoriedade, por parte do magistrado, de
fundamentação detalhada, quando a sentença basear-se em critérios
imprecisos ou mesmo em princípios juridicos. Elogiou o trabalho de toda a
comissão, que mesmo sendo heterogênea em todos os aspectos, fez de tudo
para que o trabalho fosse bem feito e reconheceu os problemas de gestão
no serviço judicial.
Terminou
dizendo: "não sabemos se isto vai dar certo; como toda mãe olha para
seu filho com bons olhos, vejo este meu ´filho´ com esperança de que
tenha uma vida de sucesso."
A
prática jurídica dirá do sucesso ou não; a nós juristas, sempre
resta estudo e trabalho para a consolidação da democracia e a queda dos
mitos.
Fonte: http://www.univemciencia.blogspot.com/ (Lucas Baio, aluno do Mestrado do Univem, direto de Lisboa)
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